Navegação cirúrgica na ortopedia
A navegação cirúrgica é uma tecnologia já incorporada na medicina e ganha espaço rapidamente. Seu mérito se deve à análise dinâmica das estruturas anatômicas durante o planejamento e o ato cirúrgico, através de informação tri-dimensional. É uma cirurgia guiada e orientada por imagens.
Esse conceito é mundialmente difundido. O desenvolvimento futuro na cirurgia ortopédica necessariamente se atrela à navegação, a qual tem incorporado melhorias e inovações constantemente.
Prova disto é o desenvolvimento de novos procedimentos minimamente invasivos em que quanto menor a incisão, menor o trauma causado no paciente. Como consequência, há benefícios como menor incidência de infecção, menos complicações, menor hemorragia, reabilitação mais rápida, menor internação, retorno mais rápido às atividades diárias, além do aspecto estético.
O navegador permite a realização de um preciso planejamento cirúrgico, baseado na anatomia do paciente e nos eixos mecânicos do seguimento a ser operado, através de uma reconstrução 3D. O sistema auxilia o cirurgião no correto posicionamento e na dimensão dos componentes do implante.
Cirurgias de joelho e de quadril têm indicação para essa técnica,
aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) desde a década de 90.
O sistema de navegação utiliza 2 câmeras que constantemente rastreiam os instrumentais cirúrgicos específicos, os quais são dotados de marcadores. As imagens são processadas e transferidas para a tela do computador. São imagens bi ou tri-dimensionais, as quais podem ser confrontadas com os exames de imagens do próprio paciente, como radiografia, tomografia, ressonância magnética, PET e SPECT. Assim, durante a cirurgia, a tela mostra ao cirurgião o preciso posicionamento de seus instrumentos frente à anatomia daquele paciente específico. Permite ao cirurgião visualizar a área e a lesão a serem trabalhadas, juntamente com as estruturas críticas ao seu redor, como o feixe vásculo-nervoso. Torna o procedimento mais seguro, menos agressivo e mais preciso.
O planejamento cirúrgico passa a ser feito com esse sistema de posicionamento global para o corpo humano. Permite encontrar o mais direto e rápido acesso cirúrgico, o melhor local e ângulo, com a menor incisão.
O procedimento se torna mais preciso e menos invasivo com a incorporação da navegação.
A navegação na prótese de joelho
A prótese de joelho (artroplastia) é uma das indicações para o uso da navegação.
A principal indicação de artroplastia de joelho é a osteoartrose, ou seja, a degeneração ou desgaste da articulação. É mais comum em pacientes acima de 50 anos e a principal queixa é dor, com piora progressiva, que resulta na limitação funcional e na claudicação. A incidência tem aumentado conforme o aumento da longevidade da população. Nos Estados Unidos, são realizadas 600.000 artroplastias de joelho por ano, de acordo com a American Academy of Orthopedic Surgery.
Em uma artroplastia convencional, há uma tolerância de erro de 2 mm para a realização dos cortes ósseos e posicionamento dos implantes. Um erro maior que isto pode levar a um mau funcionamento da prótese, resultando em dor permanente, instabilidade, perda de mobilidade articular, a uma soltura ou desgaste prematuro dos componentes.
O maior desafio na realização da artroplastia de joelho é definir o correto eixo do joelho, garantindo que os ligamentos tenham tensão e equilíbrio perfeitos no término do procedimento. Somente assim, juntamente com o correto posicionamento dos implantes, o paciente terá um movimento articular natural e livre de dor. Esses parâmetros são essenciais para o sucesso do procedimento, traduzido na satisfação do paciente, maior função e durabilidade da prótese, e índice menor de revisão cirúrgica.
Na artroplastia total de joelho, os objetivos de se usar o navegador são:
1. Reduzir as falhas e as imprecisões cirúrgicas, planejando em 3D e otimizando o posicionamento e as dimensões dos implantes, ao invés de se basear na radiografia (RX), que é um exame bi-dimensional e com muitas limitações.
2. Preciso posicionamento dos implantes para reduzir o risco de revisões precoces, através de cortes ósseos precisos e navegados, com planejamento tri-dimensional.
3. Melhorar a função do implante, estendendo sua durabilidade através do balanço ligamentar preciso, com medidas objetivas, ganhando estabilidade, para otimizar a biomecânica da prótese e não mais apenas na impressão e na sensibilidade do cirurgião. Neste cenário, o intuito é que os pacientes se beneficiem da tecnologia e que isso se traduza na melhora da qualidade de vida.