O tratamento das fraturas do quadril, via de regra, é cirúrgico. Há exceções, mas a abordagem não cirúrgica não resulta em bons resultados. Podem ser tratadas com fixação interna, com parafusos, pinos, hastes ou placas, ou com a artroplastia (prótese de quadril) parcial ou total.
O tratamento fisioterapêutico e a reabilitação nos pacientes submetidos à cirurgia do quadril, devem se iniciar imediatamente.
A importância da osteoporose
A Organização Mundial da Saúde considera as fraturas do fêmur proximal (quadril) como um importante problema de saúde pública, não só em países desenvolvidos, como também naqueles em desenvolvimento. Nos Estados Unidos, gastam-se 10 bilhões de dólares por ano, com uma previsão de 30 bilhões de dólares por ano nos próximos anos. No Brasil, a estimativa é de 100.000 fraturas de quadril ao ano.
As causas externas, incluindo as fraturas do quadril, são a sexta causa de óbito no idoso, atrás das doenças cardiovasculares, câncer, doenças neurológicas, respiratórias e metabólicas. Com o aumento da expectativa de vida da população, essa situação tende a se intensificar.
São fraturas comuns em mulheres idosas, que muitas vezes ocorrem sem trauma, em consequência de alto grau de osteoporose que podem vir a apresentam, o que enfraquece o osso.
Massa óssea
O esqueleto do ser humano acumula massa óssea até a faixa dos 30 anos, sendo maior no homem do que na mulher. A partir de então, perde-se 0,3 % da massa óssea ao ano. A mulher tem uma perda maior nos 10 primeiros anos pós-menopausa, podendo chegar a 3% ao ano, principalmente na mulher sedentária.
A osteoporose é condição comum. De acordo com critérios da Organização Mundial de Saúde, 1/3 das mulheres brancas acima dos 65 anos são portadoras de osteoporose; estima-se que cerca de 50% de todas as mulheres com mais de 75 anos venham a ter alguma fratura osteoporótica.
A relação inversa também é verdadeira. Considerando todas as mulheres com idade acima de 50 anos que fraturam algum osso, metade delas tem osteoporose.
Apesar da osteoporose ser menos comum no homem do que na mulher, é estimado que entre 1/5 a 1/3 das fraturas do quadril ocorram em homens e que um homem branco de 60 anos tem 25 % de chance de ter uma fratura osteoporótica.
A fratura mais comum devido à osteoporose é a fratura vertebral, que acomete um ou mais corpos vertebrais da coluna. São fraturas comuns, porém, geralmente, de pouca repercussão e gravidade clínica. Constatou-se que 27% das mulheres com mais de 65 anos têm alguma fraturas vertebral.
De todas as fraturas associadas à osteoporose, as que apresentam maiores consequências para a qualidade de vida do indivíduo são as da extremidade proximal do fêmur, com um índice médio de mortalidade de 30% nos primeiros 6 meses após o trauma e perda da autonomia em 50% dos casos, sem recuperar inteiramente o nível de independência de antes da fratura.
A frequência de fraturas de quadril é de 2 a 3 vezes maior nas mulheres do que nos homens, porém a mortalidade após uma fratura de quadril é cerca de duas vezes maior nos homens do que nas mulheres.
Trabalho publicado no “Archives of Internal Medicine” mostra que as mulheres que fraturam o quadril entre 65 e 69 anos são cinco vezes mais propensas a morrerem em um ano, quando comparado com mulheres na mesma idade que não sofreram essa fratura, devido à suas consequências e complicações. O risco dobra para mulheres com idade entre 70 e 79 anos e triplica para mulheres acima de 80 anos.
Reconhece-se o papel fundamental desempenhado pela fratura do quadril na deterioração geral da saúde da mulher.
Geralmente, a abordagem cirúrgica é indicação para o tratamento da fratura
de quadril.
As preocupantes repercussões da fratura no idoso
Por causa das condições se saúde anteriormente ao evento da fratura associadas ao repouso prolongado e as suas consequências, há a possiblidade de comprometimento de diversos órgãos do organismo, como pulmões, coração e rins, podendo levar até a morte.
É necessário minimizar as complicações associadas ao repouso prolongado, como tromboembolismo, infeção do trato urinário, atelectasia e úlcera de pressão. Tende-se a indicar a cirurgia precocemente, após a estabilização clínica do paciente.
A avalição e a estabilização clínica previamente à cirurgia, contribuem para minimizar as complicações sistêmicas pós-operatórias. As principais encontradas são: delirium (35%), infecção urinária (23%), pneumonia, seguidas por úlcera de pressão, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, tromboembolismo, pico hipertensivo, arritmias cardíacas e infarto agudo do miocárdio.
Dr Marcelo Godoi Cavalheiro
CRM – 87.147
Médico Ortopedista e Medicina Esportiva
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